1 de janeiro de 2013

Resolução para 2013

Que grande ano, hein? Não sei quanto a vocês, mas este ano foi um ano marcante para mim. Mas vamos ao que realmente importa: como correu a resolução para 2012 e qual é a de 2013?

Para quem não se lembra (ou não andou um bocadinho para baixo na página para a ler), a minha resolução, há exactamente um ano atrás, era tentar ser mais simpático e ter pensamentos mais positivos.
Posso dizer, sem dúvida, que parte da resolução foi cumprida. Acho que se deve principalmente a vários factores, como a emigração (devido à criação de novas amizades que não envolvem o gozo contínuo) e uma maior auto-estima/felicidade (devido ao novo trabalho e mais tempo livre), mas mesmo assim foi cumprida e já não se ouvem tantos comentários ofensivos vindos da minha pessoa.
Quanto à outra parte da resolução, a dos pensamentos mais positivos, não sei o que dizer. O choque de culturas e a desilusão com várias pessoas (portugueses e alemães em igual modo), não me deixam ser um poço de pensamentos positivos, mas também não chego a casa todos os dias com um pouco da minha humanidade perdida. Na verdade, como a resolução era para ter pensamentos mais positivos, em vez de  positivos, posso dizer que se concretizou.
E é esse o balanço de 2012, vamos agora para 2013:

Vamos aumentar a pressão e apostar numa resolução bem mais difícil. Algo que me afecta há largos anos e que tem de acabar de uma vez por todas: pseudo-projectos.
Quem me conhece minimamente, ou há algum tempo, sabe que já tentei fazer um pouco de tudo. Fotografia, música, escrita (tantos blogues...), entre outros. O problema disso? Várias vezes deixei fotos a "ganhar pó" no cartão de memória da máquina depois de uma "sessão" (e a máquina está literalmente a ganhar pó agora), quase que se conta pelos dedos as vezes que eu ouvi o meu "álbum" e os meus blogues morrem passado 2 ou 3 posts. O processo inicial, o da criação do conceito, é sempre giro e excitante, mas os resultados finais estão à vista de todos e eu estou farto disso.
Basta de publicar coisas, basta de começar o que não vou acabar. A partir de agora, deixo de tentar ser fotografo, músico, escritor, designer, programador, blogger, poeta, o raio que o parta. A partir de agora, se fizer alguma coisa, é porque quero mesmo ler, ver, ouvir ou fazer o que for com essa coisa. Retaguarda vai acabar, mas isso não significa que não possa fazer mais música. Os sites e tumblr de fotografia vão acabar (o tumblr já foi), mas não significa que não tire fotos de vez em quando. O blogues vão ficar apenas para a posterioridade (e como recordação do que quero impedir), mas sem a pressão de precisar escrever mais. A partir de agora, os meus projectos vão viver na sombra até que seja necessário verem a luz do dia.
Fica aqui a resolução para 2013:
Acabar com pseudo-projectos e acabar/manter realmente aquilo que começo.

Até para o ano!

1 de janeiro de 2012

Resolução para 2012

Não sou pessoa de resoluções, não sou mesmo. Por isso, se é para ter uma resolução este ano, não é algo que nunca tenha feito antes. Passo a explicar:
Nos últimos tempos, tenho notado que me estou a tornar cada vez mais num "velho rabugento", ou até um scumbag, e isso não me agrada. Cada vez há mais coisas e pessoas que me irritam (por vezes, roça o ódio) e cada vez faço mais comentários impróprios (especialmente com quem tenho mais confiança), que me arrependo mais tarde e me fazem sentir que estou a perder o controlo desses comentários. Sim, porque o que começa como piadas, acaba por se tornar mais em ataques ao que mais afecta as pessoas.
Não gosto disso pelo motivo óbvio, ninguém gosta de pessoas assim (simplesmente não é divertido), e pelo motivo que compõe a minha resolução: eu sei que até há algum tempo (digamos um ou dois anos) não era assim e não gosto do que me estou a tornar. Não sou nenhum Scrooge, mas falta-me algumas das qualidades de outrora que me tornavam numa pessoa melhor e mais divertida. Como a maior parte dos campos da minha vida (amor, emprego e afins) estão satisfatoriamente preenchidos, está na altura do auto-melhoramento.
Por isso, a minha resolução para 2012 é esta:
Mais pensamentos positivos e mais simpatia no geral.


Vou começar por baixo e talvez um dia chegue à preguiça e a erradique de vez. Será então que este blog voltará a ter movimento!

30 de agosto de 2011

As horas

Por vezes deixo o relógio de pulso para trás e perco-me imediatamente no tempo.
Olho à volta e não vejo nenhuma indicação de quando estou onde estou.
Não entro em pânico. Apresso o que me afastou do meu relógio de pulso.
E quando volto a ele, volto a mim, volto ao tempo.
E aqueles segundos ou minutos? Esses... bem, esses nunca mais voltam.

25 de agosto de 2011

Wrong place at the wrong time

Pior do que a preguiça que me assola dia após dia, é ter vontade de fazer as coisas na altura errada. Um dia inteiro com espaço para escrever, mas só quando estou a caminho do comboio é que a mente decide entrar no processo criativo e desenvolver um bocado de história. Depois disso, seguiu-se isto que estou a escrever agora. Obviamente que a minha memória não tem capacidade de armazenamento para tudo.

Compartilham da minha sina? Será só pura estupidez?

19 de junho de 2011

Primavera III

Já com a chave na ignição e o rugido do motor a misturar-se com o som das aves lá fora, sinto-me pronto para partir, mas não sem antes pôr a tocar o CD que torna todo o acto de conduzir muito mais emocionante. O CD entra e em menos de dois segundos as primeiras notas da Bloodmeat dos Protest the Hero abafam todos os sons que entram pelas janelas abertas do carro. Meto a primeira mudança e arranco. Já falta pouco…

A meio da viagem algo estranho ocorre. Sem aviso o meu corpo começa a desvanecer e a minha visão a enevoar. Quando volto a mim já o carro está fora da estrada e puxo imediatamente o travão de mão fazendo as rodas derrapar na gravilha. Só tenho tempo de abrir a porta e já uma onda de vómito sai da minha boca em direcção ao chão.

Passam minutos até finalmente conseguir recuperar e os carros continuam a passar por mim sem ninguém parar sequer para perguntar o que se passa. Pego no telemóvel para ver as horas e noto que tenho várias chamadas não atendidas e mensagens no voicemail (que decido ignorar). São dela. Tento ligar de volta enquanto penso que para a próxima não deveria ter a música tão alta para poder ouvir o telemóvel. Novamente a chamada vai parar ao voicemail e volto a sentir-me frustrado. Decido voltar imediatamente ao meu percurso, limpo a boca com um lenço e arranco antes que me atrase.

*****

Finalmente chego ao meu destino e estaciono o carro em frente ao portão de entrada da casa como é habitual. Saio do carro e dirijo-me ao portão mas quando vou a tirar as minhas chaves do bolso noto que o portão está destrancado. Acho estranho, não é normal, mas decido entrar de qualquer maneira. Quando chego à porta da casa noto aquilo que inicialmente a vegetação me impediu de ver, a porta está aberta e a fechadura parece forçada. Naquele momento passam-me pela cabeça todos os pensamentos negativos possíveis e antes de poder escolher um já estou a correr para o interior da casa. Grito pelo nome dela e procuro-a em todas as divisões da casa até chegar ao quarto dela. A porta estava quase fechada mas com um encontrão com o ombro abro-a. O meu corpo entra em choque imediato com a visão e da minha mão cai a caixa que trazia.

As paredes, o tecto e o chão estão pintados de vermelho, na cama vejo um corpo com as mãos atadas por cordas à cabeceira e completamente coberto de sangue e cortes profundos. Reconheço-a e grito o nome dela. Grito outra vez e outra vez e outra vez… cada vez mais alto até acabar por perder a força nas pernas e cair com um estrondo nos meus joelhos. Não sinto a dor, não sinto nada e volto a gritar o nome dela. Grito mais uma vez até me faltar a voz e perder todas as forças. Caio com a cara numa das poças de sangue fresco e tenho uma última visão antes de desmaiar:
O anel de noivado ainda dentro da caixa que trazia na mão há segundos atrás…

Fim

7 de abril de 2011

Primavera II

*beep*...*beep*...*beep*..."O número para que ligou não tem voicemail activo, por favor ten…"
A frustração faz-me pressionar o botão com mais força do que a necessária e desligo a chamada. "Mas por que raio é que ela não atende?" Penso eu.

Procuro os bolsos para me certificar que não me falta nada. Carteira… ok. Prenda… ok. Chaves de casa… ok. Chaves do carro… ok. Telemóvel… Telemóvel? Por uma fracção de segundo o desespero e confusão juntam-se às outras centenas de emoções que percorrem o meu corpo e mente neste momento até que olho para a mão e vejo o item em falta. Telemóvel… ok. Estou pronto para me atirar ao mundo.

Rodo a chave e, em sintonia com o clique, rodo o puxador, o sol entra sem ser convidado como um amigo abusador e preenche o meu hall de entrada. A sua luz produz o mesmo efeito nos meus olhos e por momentos a única coisa que vejo, cheiro, oiço e sinto é a cor branca. A pouco e pouco começo a recuperar o controlo dos sentidos, um a um eles voltam a mim e permitem-me apreciar o cenário deslumbrante à minha frente. A primeira coisa que sinto é o calor do sol a dizer-me que devia deixar a camisola em casa, ao que acabo por desobedecer. Segue-se o chilrear das andorinhas, pardais, melros e demais pássaros que povoam as árvores carregadas de flores cujo aroma acciona o sentido seguinte. Por fim sou capaz de vislumbrar tudo o que os outros sentidos já tinham saboreado e perco-me sem memória e sem movimento e sem a sobredosagem de emoções.

Quando finalmente me volto a encontrar olho para o relógio preso ao meu pulso e todas as emoções voltam naquele instante com um impacto tão grande que o meu corpo, quase sem tempo de fechar a porta atrás dele, é levado em direcção ao carro como se por uma onda gigante estivesse a ser arrastado.

Antes de entrar, apercebo-me do reflexo no tejadilho preto do carro do céu onde vive o radiante sol e as poucas nuvens que sem nunca ocultar a grande esfera brincam à sua volta e, sem eu dar por isso, um sorriso abre-se na minha cara e surge o pensamento mais inesperado na minha pessoa. Tão inesperado que consegue escapar por entre o sorriso e fazer-se ouvir:

O mundo é lindo.

6 de abril de 2010

Primavera I

Acordo segundos antes de o despertador tocar. Desligo-o antes que o seu som estridente arruíne a minha manhã. Sinto a energia a ocupar lentamente cada canto do meu corpo e a empurrá-lo sem esforço para fora da cama.

O sol tenta entrar no quarto pelas brechas das portadas, parecendo querer adiantar o nosso encontro. Na minha cabeça digo-lhe para esperar, já falta pouco.

As portas do armário deslizam apenas com um toque e escolho cuidadosamente cada peça de roupa que vou usar. Só a roupa interior fica ao acaso.

Sem acender nenhuma luz percorro o corredor em direcção à casa de banho onde tenho o primeiro contacto com o sol. Através das janelas sem cortinas vejo o dia que se avizinha e cresce um sorriso no meu rosto. Cai o pijama no chão e entro no duche. A água quente refresca-me a mente. Do nada oiço a minha voz a cantarolar In Exile dos Thrice.

Corpo seco e de volta ao quarto com a toalha enrolada à volta da cintura olho para a roupa estendida em cima da cama. Digo para mim que está na hora de vestir o uniforme. Visto a roupa interior seguido de um par de calças de ganga pretas. Paro-me por segundos ainda a segurar a t-shirt vermelha enquanto pela minha cabeça passam todas as variáveis possíveis para decidir se terei calor ao combinar a t-shirt com uma camisa. Chego a acordo comigo próprio que não será um peso significativo caso tenha que despi-la. O toque final vem com o calçar dos meus companheiros de longa data. Estes velhos Chuck Taylor All Star pretos e brancos contariam, se capazes, mais histórias do que a minha memória alguma vez conseguirá armazenar.

Olho para o pulso e confirmo que ainda tenho tempo para tapar o buraco que se faz ouvir no meu estômago. Ao abrir a porta do frigorífico este parece vazio mas depressa revela que o seu interior contém exactamente o essencial. Retiro um pacote de leite que, ainda com a frescura do frigorífico, uso para afogar os cereais Crunch que tinha despejado numa tigela. Perco a conta às vezes que levo a colher à boca até apenas restar o leite na tigela. Esvazio o seu conteúdo achocolatado e olho novamente para o relógio. Está na hora.

Everything Is Alive, Everything Is Breathing, Nothing Is Dead, and Nothing Is Bleeding

"Someday, in the event that mankind actually figures out what it is that this world revolves around, thousands of people are going to be shocked and perplexed to find out it was not them.

Sometimes, this includes me.
"
The Chariot

16 de novembro de 2009

Beleza

Fora do meu quarto ouve-se o incessante ruído do alarme de uma casa, intercalado pelo som da chuva a bater na minha janela...
Acabei de ver o filme Beleza Americana. É das poucas obras de arte que me fazem desejar estar na situação caracterizada para melhor senti-la. Desejava estar mal com a vida para poder muda-la e, como a personagem principal, ser feliz. Mas já o fiz... a chuva e o cansaço tentaram esconder isso de mim. Mas na verdade já o tenho feito desde há vários meses para cá e sou feliz. Tal como o Lester, também eu fiz o que queria, tomei as minhas decisões e consegui o que mais desejava. Tal como o Lester, afectei muita gente e revelei caracteres. Mas sou feliz... e a chuva não pára de cair.
Ao fundo continua a ouvir-se o mesmo ruído, o ruído da casa que se assusta com o vento... o ruído que me faz pôr os phones nos ouvidos e redescobrir Deftones...



- Requerido por e em honra de Steph -

28 de setembro de 2009

Oranges

Acabei de encontrar um trabalho para Inglês do ano passado. Se bem me recordo, na minha preguiça tentei usar a desculpa habitual de que não sabia sobre o que raio haveria de escrever. O professor disse para falar, por exemplo, sobre laranjas. E assim o fiz. Não me lembro ao certo do objectivo do assignment, mas creio que era para falar sobre algo do passado. Foi isto que saiu (ainda com os erros):

Oranges
Isn’t it interesting how even one of the most common fruit can have more meaning to you than a big car or a house by the beach? The orange, occasionally a perfectly round-shaped fruit, orange it’s colour like it’s name, and with a very distinct smell and taste. A smell that gets trapped under your fingernails to haunt you the rest of your day, and a taste that sometimes is nothing but entirely sweet, although it usually has a sour sweetness that no other fruit can mimic. And if properly squished, a tasteful and healthy juice comes out.
When I was really young, my backyard used to be completely filled with orange trees. It was row after row of trees, and almost every tree had a different breed of orange. I used to play around those trees all day long, since as a child, free time was common. That backyard was my playground, and the trees had almost endless possibilities to be explored. I would climb them, hang on the bigger branches like a little monkey or even try to make swings on those branches with pieces of rope I would find lying around. Other more indirect uses I had for them were as football goalposts or as obstacles in an imaginary course when I was riding my bicycle.
With time, everything changes, and that backyard as I used to know it, unfortunately, wasn’t an exception. I grew older and so did my parents. They also grew tired of taking care of almost a dozen trees, so they cut them up and removed their roots from the underground. An interesting process involving heavy machinery and a lot of loose dirt. Who would’ve thought that an excavator was needed to dig out the trees that filled my childhood with joy? It’s kind of poetic and almost sad.
Up until then, I didn’t like the taste of regular oranges. I preferred the taste of the tangerine, which is almost like the sweeter sibling (or son) of the regular orange. I started to appreciate the richness of the taste of the orange almost at the same time as I started to appreciate and be grateful of all the things my parents had sacrificed and worked out just to give me the best life they could. By that time I also started to take more into account the few, but really good, lessons my father had to teach me. Those lessons were so small in number because my father worked, and still does, for an international company that builds power stations, oil refineries and other big metal structures/buildings. As a result of that, he spent month after month in foreign countries and became a sort-of absent father.
As absent as he might’ve been, when he was present, he tried, as much as my stubbornness allowed, to teach me good manners, discipline and morals. And even if I can’t recall every wise thing that he said to me, all those things that he taught me are reflected in the caring, respectful (to others) and understanding person that I am today. Sometimes my values might strike as old-fashioned, but I am nonetheless a person that tries to help whoever is in need (even if unknown), a person that knows how to act in the right situations and hopefully I’ll be able to pass that down to someone in the future.
Isn’t it interesting how even one of the most common fruit can represent almost half of your life? How one single bite in a piece of fruit can make you remember the times you fell from an orange tree, or just the conversations that you had with you father while eating oranges? Isn’t it interesting how something that probably has no meaning to someone else, can mean the world to you?